segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Desafio 52 semanas de escrita #44 - No princípio


Olá caro leitor, a meses que não escrevo um conto para o Desafio 52 semanas de escrita, sendo que esse era um dos principais objetivos do desafio, colocar para fora as minhas ideias de narrativas. Abaixo um texto onde busco formular a minha ideia sobre a criação, sem sombra de dúvida essa não será versão final, pois muito do texto foi sendo alterado desde a primeira vez que tive a ideia inicial e tenho certeza que muitos outros conceitos ainda serão adicionados em novas versões.

No princípio

No princípio nada havia, a existência era preenchida por um imensurável vazio e o conceito de tempo e espaço nada significavam. Não se sabe como ou quando, mas no centro do nada um buraco negro surgiu e dele uma infima esfera de energia nasceu.

A esfera crescia, alimentada pelo buraco negro atravez de uma ligação cosmica que vertia energia luminosa, pulsando vigorosamente para o disforme ser. A entidade aparentemente não tinha consciência da sua própria existência, crescendo em um ritmo indeterminado, afinal Ele surgiu antes do tempo ser medido.

Enfim houve o despertar e nesse momento o cordão cosmico que o alimentava se rompeu e o buraco negro definhou. Ele se viu só, na imensidão do vazio, abriu os olhos, mas não havia nada a ser visto além de escuridão, profunda e cegante escuridão. Porém a entidade não sentiu medo, pois o medo ainda não existia, na verdade ele nada sentiu e por um tempo contemplou a plenitude do vazio a sua volta.

Aos poucos tomou consciência de si mesmo, do seu corpo, seus membros, seu rosto, admirando tamanha perfeição. Porém nada mais além Dele existia, ele vagava pelo vazio, mas nada encontrava, enfim após buscar infortunadamente, dormiu, caindo em um profundo e calmo sono e então sonhou, sonhou com incontáveis maravilhas, com o nascimento, com a morte e o destino de todas as coisas.

Ao despertar Ele ainda se via sozinho em meio ao vazio e se perguntou pela primeira vez o por quê e desejou não estar mais sozinho, assim uma ideia cresceu em seu peito, pulsando, ganhando forma, tornando-se tangível, cheia de luz e assim nasceu o seu Primogênito, feito de parte da sua carne cósmica, criado a sua imagem e perfeição, porém Ele não queria submeter o seu filho ao vazio, pois ele era perfeito demais para despertar em meio ao nada, assim Ele acolheu o seu filho em seu braços e o guardou novamente em seu peito, para que no momento oportuno Ele fosse revelado novamente.

Assim Ele voltou a dormir, um sono ainda mais profundo que o anterior, porém ele sonhou não apenas com as maravilhas da criação, mas também com o caos e com as inevitáveis mudanças provindas dele, sonhou com morte e renascimento. Sonhou com os adversários, falsos deuses e com a escuridão e nesse momento, apenas nesse momento em toda a sua existência, Ele sentiu medo.

O medo crescia, junto com um incontrolável frio, Ele se encolheu, abraçando a si mesmo com força. Uma angústia dominava todo o seu ser, uma dor imensurável o dominava, como se todo o seu corpo estivesse prestes a explodir. Ele tentava resistir, mesmo tendo consciência que a transformação era necessária. Ele queria gritar, porém ninguém iria ouvi-lo.

Ele se retraiu ainda mais, buscando forças para resistir, comprimindo a si mesmo como se fosse um esfera de pura energia. A dor, a angústia, o medo tudo se fundia com a matéria cósmica do seu ser e por um momento indeterminado tudo parou como se nada houvesse novamente e no mesmo instante a Ele abriu os seus membros, olhos e boca, liberando toda a energia do seu ser. Houve uma imensa e apoteótica explosão, que se expandiu e preencheu todo o vazio da existência.

O universo enfim nasceu e Ele viu admirado galáxias inteiras surgirem, supernovas explorem, maravilhas que só havia vislumbrado no Sonhar tomarem forma diante dos seus olhos onipotentes e viu que tudo aquilo era bom e que seu propósito agora estava claro, preencher a existência com os seus filhos moldados a sua imagem e semelhança para que testemunhasse a grandiosidade da sua criação.

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