Olá caro leitor, hoje trago um texto totalmente aleatório, um pequeno conto onde busco narrar um dia inesquecível de um jovem caçador, a ideia do conto surgiu logo após uma jogatina do game Dragon Age Origins. Espero que gostem.
Um dia inesquecível
- Você tem certeza?
O velho caçador olhou profundamente para a entrada da caverna, como se conseguisse ver dentro da escuridão.
- Você tem certeza? - Repetiu o líder do bando de caçadores, como se precisasse de uma confirmação verbal do que já era visivelmente óbvio, eles tinham finalmente encontrado a toca do dragão.
Leo estava empolgado, mesmo estando a duas semanas percorrendo a floresta em uma busca que já estava parecendo infrutífera ele se mantinha empolgado, afinal era sua primeira grande caçada ao lado dos caçadores mais experientes da vila, e eles estavam caçando justamente um dragão, uma das feras mais mortíferas de todo o continente.
Leo já ouviu inúmeras histórias sobre dragões, grandes lagartos alados que dizimavam vilas inteiras se enfurecidos, mas nunca tinha visto um pessoalmente e desde criança sonhava em contemplar essas majestosas criaturas.
Assim que os primeiros relatos que um jovem dragão verde estava raptando o gado das fazendas vizinhas Leo soube que logo haveria uma grande caçada, antecipadamente ele se apresentou ao líder dos caçadores, seu pedido fora negado quase que de imediato, Leo era jovem demais, seu treinamento estava incompleto e ele precisava caçar muitos lobos cinzentos antes de ser considerado um caçador de fato, mas ele insistiu e num certo momento conseguiu ser admitido na incursão, mas ele não participaria da caçada de fato, estava ali apenas para auxiliar os caçadores mais experientes.
Por isso ele ficou afastado, escondido sob as árvores em uma distância segura, observando os caçadores prepararem a emboscada para o dragão. A caverna era localizada no pé de uma pequena colina, bem no meio da floresta, havia poucas árvores em torno da entrada da caverna e Leo notou que a maioria estavam queimadas, em dos troncos dois jovens caçadores amarravam três vacas gordas que serviriam de iscas para o Dragão, enquanto o restante dos caçadores se posicionava em um grande círculo a partir da entrada do covil da fera, havia onze caçadores armados com arcos longos, quatro com grandes lanças e três com machados. Leo não fazia ideia se era o suficiente, mas confiava na experiência do líder.
Os caçadores agitaram as vacas até fazê-las mugir e se afastaram rapidamente, todos estavam posicionados e devidamente camuflados, por um momento houve um silêncio e então de forma extremamente calma a fera começou a sair da escuridão da caverna, Leo olhava fixamente para a criatura com um enorme fascínio, mesmo o Dragão sendo menor do que ele imaginava, devia ser extremamente jovem, pois não deveria medir mais de cinco metros de altura, suas escamas eram de um verde intenso e suas asas estavam recolhidas junto ao dorso.
O jovem dragão avançou para fora da caverna em direção as iscas que agitaram-se de forma assustadora ao perceberem a presença da fera, mas por um breve momento o dragão hesitou, parou estufando o peito, abrindo as asas de forma plena e rugiu tão forte que Leo sentiu um tremor percorrer todo o seu corpo. Ele tinha percebido a armadilha e estava prestes a levantar voo, quase no mesmo momento o líder dos caçadores deu a ordem de ataque e os arqueiros de imediato atiraram suas flechas.
Mas isso não impediu que a fera se elevasse sobre eles, porém ela não fugiu, apenas pairou e rugiu novamente como se desafiasse os caçadores a tentar alcançá-lo. Os arqueiros atiraram suas flechas e um dos caçadores tentou de maneira totalmente frustrada atirar uma de suas lanças enquanto o dragão se movia levemente para o lado.
Focados na fera, acompanhando o seu movimento, quase todos estavam nesse momento de costas para a caverna, menos o velho caçador que ainda olhava de forma compenetrada para a entrada do covil. Subitamente o velho disse.
- DRAGÃO!
- Sim, velho, todos nós estamos vendo!
- NÃO! DRAGÃO, NA CAVERNA! - O velho gritou roucamente e apontou para a entrada da caverna.
Leo olhou de imediato e em um primeiro momento nada viu além da escuridão, mas no segundo seguinte uma chama se acendeu e uma imensa bola de fogo foi atirada das entranhas da caverna, que atingiu bem no meio dos caçadores, não houve reação, apenas uma intensa explosão que eliminou de imediato metade do grupo, a outra metade ficou paralisada por um segundo vendo as chamas se espalharem e dizimar os seus companheiros.
Leo não conseguiu desprender os olhos do enorme dragão dourado que se revelava ainda mais majestoso que o jovem dragão verde, suas escamas eram mais densas e devia ter no mínimo o dobro do tamanho do mais jovem, mas o momento de admiração foi breve, pois o dragão voltou a soltar fogo, dessa vez cuspindo uma labareda intensa em quase todas as direções. Queimando tudo em questões de segundos, vacas, homens, florestas.
Leo ficou atônito, tentou gritar, mas nada saiu de sua garganta, ele não sabe por quanto tempo ficou ali paralizado, vendo tudo queimar, mas as feras a muito já tinham partido e ele se viu contemplando um desolação negra, com alguns pontos ainda em brasa. Muitos dias depois ele retornou para a vila, sozinho, com horror ainda estampado no rosto e por um longo tempo nunca falou sobre aquele dia inesquecível que viu pela primeira vez os majestosos dragões e viu tudo queimar.
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