sábado, 4 de junho de 2022

Desafio 52 semanas de escrita #21 - Luís com S e Acento!


Olá meus caros leitores, hoje é meu aniversário e para comemorar decidi escrever um texto diferente, justamente falando sobre mim, um breve relato sobre a minha vida, sinceramente nem sei exatamente o que escreverei, mas apenas lembrando que o Desafio 52 semanas de escrita tem o intuito justamente de desenvolver a minha escrita, portanto qualquer tipo de texto é válido.

Luís com S e Acento!

Oi, me chamo Luís Fernando, a maioria das pessoas me chamam apenas de Luís, Luís com S e acento, mas ironicamente prefiro que me chamem de Fernando, pois me faz lembrar da minha família que me chama dessa forma, mas não se preocupe, não precisa mudar a forma que me trata, também gosto muito de ser chamado de Luís, mas lembre-se é Luís com S e acento.

Eu nasci no dia 4 de junho de 1985, em uma manhã fria de inverno em Porto Alegre, segundo a minha mãe o trabalho de parto foi rápido, tanto que ela quase não chegou no hospital a tempo. Minha infância foi relativamente tranquila, cresci convivendo com muitos irmãos e primos e os fins de semana na casa da minha vó sem dúvida são as minhas melhores lembranças.

Mas apesar dessas ótimas lembranças a minha família era bem disfuncional, meu pai teve três mulheres e gerou filhos com todas elas, assim como os meus tios que também tiveram inúmeros relacionamentos e inúmeros filhos. Meus pais brigavam frequentemente, o que levou a inevitável separação, lembro claramente do dia que minha mãe decidiu sair de casa, eu tinha apenas oito anos e minha maior preocupação era não esquecer a minha sacola de brinquedos.

Cresci com a convicção de que a separação dos meus pais não me afetou, mas apenas na fase adulta, percebi que ela tinha me afetado sim, todos nós temos nossos traumas e normalmente tais traumas são causados justamente pelos nossos pais e familiares próximos. O relacionamento dos nossos pais, a forma como eles nos criam, se crescemos em uma ambiente saudável ou não, tudo isso nos afeta e impacta nas pessoas que seremos no futuro e nos nossos próprios relacionamentos. Essa pequena epifania que tive em algum momento me fez estabelecer um objetivo bem claro na vida, eu formaria uma família com um base sólida, eu me tornaria um bom marido e um bom pai.

Mas apesar de ter inúmeros motivos, eu jamais senti mágoa ou rancor de meu pai, ele foi um péssimo marido, mas no fim se tornou um excelente pai. Ele nos criou de forma rígida, sua palavra era lei e bastava um único olhar para entendermos o que ele queria, mas apesar disso ele era extremamente carinhoso e atencioso, me dava bons conselhos e me incentivava em todas as minhas escolhas e sempre trocamos abraços apertados. Eu tinha um profundo respeito por ele, talvez ele tenha sido a pessoa que mais respeitei em toda a minha vida, ao lado da minha mãe é claro. Infelizmente ele nos deixou cedo demais, não me viu casando, me tornando pai e essa ferida eu levarei pela vida toda. Eu sei que ele tinha defeitos, assim como todos nós, mas para mim ele foi um pai perfeito e queria muito poder abraçá-lo novamente.

Lógico que não posso deixar de escrever algumas linhas sobre a minha mãezinha, sem dúvida é a mulher que mais admiro na vida, mãe solteira, criou dois filhos basicamente sozinha, dedicando-se o máximo possível para dar a mim e à minha irmã as melhores oportunidades possíveis. Ela foi tão rígida quanto meu pai, sempre dava a palavra final em tudo e eu busquei ao longo da minha juventude ser um filho obediente e respeitoso, mas assim como o meu pai ela também sempre foi muito carinhosa e atenciosa. Ironicamente ela se tornou a típica avó que faz tudo o que os netos desejam, mas não a recrimino, afinal como mãe sem dúvida ela cumpriu o seu papel e se tem alguém que admiro acima de tudo, sem dúvida é ela, que merece todo o meu carinho e respeito.

Meus pais foram fundamentais para minha formação como pessoa, meus valores, meu caráter e até mesmo meu objetivo de vida de certa forma venho do que absorvi da convivência com eles, mas logicamente que houve outras influências, como os meus tios e até mesmo os meus irmãos, que sem dúvida merecem destaque, mas para não me alongar muito, ou mesmo para não carregar o texto ainda mais algumas angústias vou me ater a dizer que os amos muito, mesmo com todas as nossas diferenças.

Em termos profissionais acabei percorrendo um caminho bem longo, mas de certa forma bem tradicional. Lembro de fazer um teste vocacional ainda do terceiro ano do ensino médio, ironicamente o teste apontou que eu tinha inclinação para áreas criativas, citando cinema, literatura e outros que não lembro agora, mas também apontou Arquitetura e foi justamente por esse caminho que decidi seguir, porém os meus pais não tinham nenhuma condição de pagar uma faculdade e passar no vestibular na universidade pública era um desafio que eu tinha certeza que não venceria. A solução que encontrei foi fazer um curso técnico e foi assim que logo após concluir o ensino médio comecei o curso Técnico em Edificações.

Comecei a minha carreira profissional na área da construção civil, na qual atuo até hoje, e já são dezessete anos dedicado a profissão e ao longo dessa quase duas décadas participei do gerenciamento e execução de mais de dez edifícios residenciais, entreguei centenas de apartamentos, revisei projetos, fechei contratos, comprei milhares de insumos, treinei inúmeros estagiários de engenheiros e arquitetos, fiz incontáveis auditorias e sofri fiscalizações dos mais diversos órgãos municipais. Tudo isso na mesma empresa, na qual comecei como estagiário e hoje sou sócio.

Confesso que parte de mim se questiona frequentemente se eu não deveria ter percorrido um outro caminho profissional, algo mais voltado para a áreas do entretenimento pelo qual sou tão apaixonado, pois a jornada na construção foi longa e cansativa, mas sou profundamente grato por toda o caminho percorrido e a todos aqueles que me ajudaram a chegar até aqui, que me ensinaram a ser um profissional melhor, que acreditaram e apostaram no meu potencial, minha gratidão será eterna à essas pessoas e espero que elas saibam disso, pois sem dúvida eu não conquistaria parte do que tenho hoje se não fosse por tais oportunidades que me foram dadas.

Bom, eu não poderia encerrar sem falar da minha maior conquista, da minha família e das duas pessoas que mais amo na vida. Casei jovem, com 22 anos, mas acreditem também tive que percorrer uma pequena jornada para isso, algo que merecia um texto só para descrever todo a caminhada até o casamento, mas o fato é que escolhi a Juliana para ser a minha esposa, claro que ela me escolheu antes, e essa é uma escolha que não me arrependo em nenhum momento, pois a fiz consciente de que seria para sempre, de que ela era, é e sempre será a pessoa certa, simplesmente não me vejo vivendo sem ela, pois não quero em hipótese alguma viver sem ela e do nosso amor geramos a Manuela, que me faz desejar ser um pai e até mesmo um marido melhor a cada dia, amo o seu modo meigo e carinho, sua esperteza e modo extrovertido de falar e amo principalmente a consciência de que de certa forma eu sou uma peça fundamental no desenvolvimento dela como pessoa e desejo apenas contribuir com a sua felicidade.

Hoje faço 37 anos, estou mudando de fase, sai do grupo dos “trinta e poucos” e entrei para o dos “quase quarenta”, isso sem dúvida me traz ainda mais questionamentos sobre a minha vida e confesso que tenho muitas angústias, muitos anseios que temo que jamais sejam plenamente sanados, mas no fim eu sei que permanecerei forte, pois a minha base é sólida e no fim o que o que sempre quis sem dúvida eu já conquistei.

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