Incorruptível
O jovem político Marco Martins, eleito como um dos mais jovens senadores de 2018, entrou na luxuosa mansão localizada na zona leste, ele foi recebido por um empresário de aproximadamente 40 anos, que se vestia de forma descompromissada, acompanhado de uma jovem e bela mulher, que vestia um justo vestido vermelho, com um decote generoso e hipnotizante.
Marco não tinha certeza do ramo de atuação do empresário, mas estava ciente da doação significativa não só para a sua campanha, mas também para o seu partido. Com isso venho às insistentes solicitações de reuniões privadas, após quase um ano de negativas a exigência do próprio presidente do partido o obrigou a ceder.
- Finalmente nos conhecemos pessoalmente senador, sei que a sua agenda está extremamente agitada, mas fico feliz que pode vir até mim.
Marco cumprimentou o empresário de forma sucinta, ele não queria estar ali, sentia que aquele encontro ia contra tudo o que tinha construído nos últimos anos, mas teve que ceder. Seguiu de forma desconfortável o casal até a varanda da mansão.
- Venha senador, vamos conversar aqui fora, de forma mais confortável. Aceita uma bebida?
Marco responde quase que de forma automática, não conseguindo recusar a oferta, enquanto a linda mulher servia dois copos de whisky com gelo. Eles conversaram por quase uma hora, sobre assuntos diversos enquanto bebiam em um ritmo constante, enquanto a mulher observava à distância.
Marco já se sentiu tonto, embriagado obrigando se a sentar, foi quando o empresário atacou, falando sobre as suas obrigações, que todo o investimento na sua campanha deveria dar algum retorno e que a colaboração de Marco era fundamental para garantir possibilidades não só para ambos, mas para todos os seus associados.
- Marco, eu respeito a sua independência, tanto que não fizemos nenhuma objeção na forma que tem votado nos últimos anos, mas o PL 27 não pode passar, tais propostas prejudicarão de forma direta os nossos principais associados, além de membros do alto escalão do seu próprio partido. Por isso o seu voto é fundamental, você tem que ser contra, pode continuar se dizendo a favor publicamente, mas no momento da votação, tem que ser contra.
Marco estava tonto, sentia que não conseguia responder pelos próprios atos. Mas notou a aproximação da bela mulher com o seu provocante decote, leves provocações começaram a ser feitas, ela estava próxima a ele, constrangedoramente próximo, ela se movimentava suavemente, cruzando os braços, fazendo o decote parecer ainda maior.
- Pense nas possibilidades Marco, não falo apenas de reeleição, mas de influência para fazer o que quiser, quando quiser.
Marco sorriu de forma quase involuntária, apreciando o que via, mas de súbito a consciência do seu ato libertino o despertou. Ele era casado, fiel e não estava ali para isso, na verdade nem deveria estar ali, sabia desde o princípio que não deveria. Marco se levanta de forma abrupta, ele não venderia a sua honra, não trairia as suas próprias convicções e deixou isso de forma bem clara e em voz alta ao empresário.
Após um breve silêncio o homem com o copo vazio na mão surpreendentemente diz respeitar a escolha do jovem senador e solicita à bela mulher que o acompanhe até a saída, mais nada foi dito e Marco se sentia desconfortável, buscando evitar olhar para mulher e seu generoso decote.
A bela mulher diz que irá acompanhá-lo até a porta, ambos caminham pelo amplo saguão, em um momento que pareceu interminável. Marco luta para não olhar para o decote, o generoso decote. Por fim eles chegam à porta, ele se despediu educadamente e se virou em direção a saída.
Subitamente ele sente um forte aperto em seu pescoço, a bela mulher o agarra por trás, o ar se esvai rapidamente, os fartos seios dela pressionados nas suas costas, Marco fica surpreso com a força da bela mulher, ele se debate, tenta se desvencilhar, mas não consegue, por um segundo pensa em desistir, suas forças estavam quase no fim, mas subitamente ele projeta todo o peso do seu corpo para trás ao ponto de chocar a cabeça da já não tão bela mulher contra a parede do hall de entrada.
Ambos caem, Marco sem fôlego, a mulher imóvel, ele se levanta, olha em desespero para ela, estaria morta ou apenas inconsciente? Um terror ainda maior toma conta de Marco, acabaram de tentar matá-lo e ao tentar se salvar ele acabou matando alguém. Ele estava arruinado, arruinado!
Ele foge, corre em um frenesi tão grande que ignora o próprio carro, quer apenas sair dali ir o mais longe possível daquele maldito lugar. Desesperado, não sabe para onde ir, mas isso não importa, apenas precisa fugir, o mais rápido possível.
Mas antes mesmo de chegar a rua ele esbarra em alguém, Marco pensa no empresário e seu coração dispara ainda mais. Mas o homem, trajado todo de preto, apenas o olha fixamente e diz algo para alguém que ele não conseguia invisível.
- Vão!
Saídos das sombras, cerca de dez homens fortemente armados avançam taticamente em direção a casa. O portão que leva aos fundos é arrombado, dois cães enormes saem correndo por ele. A porta principal, onde um corpo de uma mulher se encontra no chão, é invadida pelos homens de preto. Eram os federais? Marco não sabia.
De qualquer forma ele estava arruinado, como explicaria o que fazia ali naquela hora da noite e o seu envolvimento com o corpo inerte da bela mulher a poucos metros do seu carro? Ele não também não sabia.
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