Normalmente tento ser o máximo impessoal nas minhas análises, mas alguns games isso se torna muito difícil devido ao impacto que o título gera. O remake de Resident Evil 4 sem dúvida é um bom exemplo disto, tanto pela alta expectativa gerada, quanto pelo fato do game original ter sido o primeiro título da franquia que tive contato. Desenvolvido pela Capcom e lançado no final de março de 2023, com versões para PC, PS4, PS5 e Xbox Series X | S, o remake de Resident Evil 4, sem dúvida um dos games mais aguardados do ano, já sendo considerado um dos fortes candidatos ao game do ano.
Para os não familiarizados com a trama de Resident Evil 4, temos o retorno de Leon Kennedy, que após os acontecimentos de Resident Evil 2 se torna um agente altamente treinado do governo e ganha a missão do próprio presidente dos Estados Unidos de resgatar a sua filha. O game inicia justamente com Leon chegando em uma isolada vila no interior da Europa e ao investigar o local se depara com uma assustadora seita e seus experimentos macabros. A trama em relação ao original foi extremamente respeitada, atualizando alguns diálogos e dando maior espaço para alguns personagens, como Luis Sera, que continua canastrão, mas ganhando maior importância para a narrativa e a própria Ashley, que continua indefesa e dependente de Leon, mas tornando-se bem mais carismática e suportável que a original.
Sendo direto e objetivo, Resident Evil 4 é satisfatoriamente fiel ao jogo original, ao mesmo tempo que consegue transmitir a uma sensação de novidade recompensadora. É como se jogássemos o mesmo jogo, porém diferente. Sim eu sei é contraditório, mas o Remake de RE4 consegue satisfazer tanto os puristas que desejavam um game extremamente fiel ao original, quanto os ávidos por uma necessária atualização.
O game mantém a essência do original, não só narrativamente, mas estruturalmente, alternando momentos de exploração e resolução de puzzles, com momentos de ação intensa. Mudando alguns pequenos elementos, ou sequência de acontecimentos para dar a sensação de novidade necessária. Apenas para dar um exemplo, a icônica luta com El Gigante, onde contamos com a ajuda de um Lobo branco continua acontecendo, porém o momento que salvamos o lobo acontece em um trecho diferente do game. Mas vale mencionar que alguns cortes foram feitos, a surreal cena do Leon desviando de laser ficou de fora, assim como a vergonhosa e sem sentido cena com o robô gigante do Salazar, porém tais cortes foram pequenos e diria até mesmo necessários, não prejudicando em nada a experiência como um todo. Sem dúvida a Capcom ouviu as críticas quanto aos cortes exagerados do remake de Resident Evil 3.
Visualmente o game está impecável, a RE Engine demonstra mais uma vez que é uma Engine perfeita para a série Resident Evil. Os modelos dos personagens, tanto dos principais, quanto dos secundários estão muito bem detalhados e impressionam. Mas o maior ganho dessa releitura é na melhora das mecânicas de gameplay. Por mais que o game original tenha sido revolucionário em vários aspectos é inegável que sua jogabilidade envelheceu rapidamente, tornando-se dura e pouco dinâmica. O remake consegue isso de forma excelente, atualizando a jogabilidade e adicionando novas mecânicas. Indo muito além do que só permitir a movimentação enquanto se mira e atira, mas adicionando movimentos de esquiva, de bloqueio e até mesmo um porquinho de furtividade. A física dos objetos é um show à parte, com Leon podendo não só aparar, mas desviar de objetos atirados contra eles.
Essencialmente é o mesmo jogo, com a mesma estrutura narrativa e sequência de eventos. Passamos pela Vila, depois Castelo e por fim a Ilha. Os locais são extremamente reconhecíveis, mas toda a estrutura dos cenários foram refeitas, expandido e adicionando novos locais, tornando a exploração do game bastante satisfatória, tanto por buscar reconhecer os ambientes do original, quanto para ser surpreendido com os lugares inéditos. Citando dois exemplos que se destacaram para mim, temos a região do lago que ficou incrivelmente explorável e o Castelo, que no original sempre achei desinteressante, mas no remake ganhou um novo tom.
Sem dúvida o tom do game original era um elemento que deveria ser alterado nessa nova versão. De certa forma a Capcom entregou um título bem mais sombrio e assustador que o original, que tinha um foco claro na ação. Em RE4 Remake temos uma ambientação mais sombria e aterradora e mesmo os icônicos ganados estão mais assustadores, inclusive temos a adição de novos inimigos e variações inusitadas. Porém tenho que confessar que achei que a Capcom foi tímida na mudança do tom do remake, pois no final do dia RE4 continua sendo um jogo de ação, principalmente por incentivar a utilizar todos os recursos de combate possíveis. Não se engane, o game ganhou um ar mais aterrador, mas no final do dia, continua sendo um game de ação.
Em termos de gestão de recursos o game mantém o satisfatório sistema de melhorias do original, com o arsenal de armas clássico e algumas adições novas. O icônico mercador está presente, permitindo ao jogador vender todos os tesouros encontrados para poder adquirir melhorias no arsenal e equipamentos. É um sistema simples e funcional, que incentiva a exploração e dá uma ótima sensação de progressão.
Um último ponto que gostaria de comentar é quanto a duração da campanha. Como estruturalmente temos um o mesmo jogo, a duração do remake é bem semelhante a do original e mesmo tendo jogado incansavelmente o original, sempre achei que ele se alongava desnecessariamente. Tive o mesmo sentimento com o remake, esclarecendo que de maneira alguma considero o game cansativo, muito pelo contrário ele é prazeroso de se jogar do inicio ao fim, inclusive proporcionando um bom fator replay. Porém, olhando para a campanha como um todo, a percepção é que alguns trechos poderiam ser facilmente cortados sem prejudicar o resultado final.
O remake de Resident Evil 4 é simplesmente excelente, entregando tudo aquilo que os fãs esperam de um bom remake, uma releitura que respeita a essência do original, ao mesmo tempo que atualiza não só o visual, mas as suas mecânicas. Resident Evil 4 é atual, sem deixar de ser nostálgico e prazeroso de se jogar do início ao fim. A Capcom mais uma vez eleva o nível de qualidade dos Remakes, tornando difícil superá-la nesse quesito. Fica a expectativa para o próximo projeto.
"É aqui que a gente se separa." - Leon Kennedy
Informações adicionais:
Um agradecimento mais do que especial ao amigo Outlander que me presenteou com uma copia do game, eternamente grato!
- Nota geral: 10.
- Tempo dedicado ao jogo: 41 horas.
- Conquistas desbloqueadas: 20 de 39.
- Dificuldade: Moderada.
- Fica a dica: Escolha a arma de sua preferência e priorize as melhorias dela.
- Gameplay: Clique aqui.
- Imagens durante a jogatina: Clique aqui.
- Vale o preço? R$ 250,00 por um único jogo é inaceitável, mas devido a alta qualidade de Resident Evil 4 é difícil não recomendá-lo.
- Modo de jogo: Solo.
- Tradução: Dublado e legendado em português do Brasil.
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