"Nada é verdadeiro, tudo é permitido."
Assassin's Creed: A Cruzada Secreta, do romancista Oliver Bowden, adapta para a literatura a história do primeiro game da franquia, criada pela Ubsoft em 2007. O livro foi publicado originalmente em 2011, com o titulo Assassin's Creed: The Secret Crusade, pela editora britânica Penguin Books. A versão brasileira foi publicada em julho de 2012, pela editora Galera Record, com tradução de Ryta Vinagre.
Apesar de A Cruzada Secreta adaptar quase que integralmente os acontecimentos do primeiro game da aclamada franquia o título toma a liberdade de adicionar acontecimentos da infância e principalmente dos últimos anos do lendário assassino Altaïr Ibn-La'Ahad. Assim como no game acompanhamos o protagonista na sua jornada na busca por retomar o seu posto de mestre assassino após uma importante missão malsucedida, porém ao longo do caminho Altair descobre que nem tudo o que lhe foi revelado é verdadeiro e que o real inimigo pode estar manipulando-o desde o início.
O autor Oliver Bowden, consegue adaptar de forma bastante coerente o espírito do jogo, não só na sua narrativa, mas também na sua estrutura de desenvolvimento da história. Enquanto no game o jogador é obrigado a realizar diversas missões de investigação para alcançar o seu alvo, que inegavelmente se tornam rapidamente repetitivas, no livro vemos a mesma estrutura, porém de forma bem mais palatável, uma vez que o autor consegue descrever tais missões de forma mais dinâmica, não deixando as mesmas monótonas ou cansativas. Por exemplo enquanto alguns alvos levam um capítulo inteiro para serem localizados e eliminados, outros assassinatos são descritos em apenas duas páginas, tornando a narrativa bem mais célere e interessante.
O grande atrativo de A Cruzada Secreta está justamente no destaque que a história dá tanto para a infância de Altair, ao mostra como ele entrou para a ordem dos assassinos, sua amizade com Abbas e seu treinamento, assim como os seus últimos dias revelando como a luta contra os templários continuou após o fim da história mostrada no primeiro jogo.
Apesar da adição de acontecimentos inéditos tornarem o livro extremamente interessante, o trecho onde Altair busca combater os Templários na cidade de Chipre quebra um pouco o ritmo da narrativa, pois ocorre de forma quase que imediata após Altair derrotar o verdadeiro antagonista da trama, tornando tudo que vem após esse fato quase que desnecessário, porém a narrativa ganha novo folego perto do fim ao relevar os últimos dias de Altair e como ele retomou a liderança da Irmandade dos Assassinos.
Em termos de ambientação a adaptação perde de forma bastante significativa se comparada com a obra original, logicamente que não me refiro a parte visual, mas o autor infelizmente não detalhe através do texto o deslumbramento causado pela visão das cidades de Damasco, Acre ou Jerusalém, algo tão marcante no jogo original. Além disso elementos icônicos da franquia como a Lâmina Oculta e o Salto de Fé, ganharam pouco destaque o que acaba tirando um pouco da identidade da obra, porém os preceitos e dogmas do Credo dos Assassinos receberam a devida atenção, principalmente com os ótimos diálogos entre o protagonista e os outros membros da irmandade, suprimindo as ausências de outros elementos narrativos.
Assassin's Creed A Cruzada Secreta é uma ótima leitura, em especial para os fãs da franquia que desejam conhecer um pouco mais sobre a vida de Altaïr Ibn-La'Ahad, que infelizmente foi pouco explorado nos games, com uma leitura leve e prazerosa, que perde um pouco de ritmo próximo a sua parte final, mas que conclui a sua narrativa de forma satisfatório e emocionante.
"Não se deve medo de ideias, não importa sua fonte. E nunca devemos temer a verdade, mesmo quando ela nos magoar." - Altaïr
- Nota geral: 08.
- Melhor momento: Quando Altair utiliza pela primeira vez a maça do Éden.
- Quantidade de páginas: 336.
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