Um Biohazard de respeito!
Em 2012 Resident Evil 6 foi lançado com a promissora promessa de agradar tantos os fãs da trilogia clássica, quanto aqueles que gostaram da pegada mais voltada para ação dos últimos títulos da franquia e mesmo RE6 sendo um game tecnicamente competente o resultado foi longe do esperado, com boa parte do público e crítica considera-o o pior game da série.
Foram necessário longos 5 anos para que a série se reencontrasse com Resident Evil 7 que surpreende ao se arriscar em mudar a perspectiva do personagem, além de apresentar um protagonista totalmente novo em uma narrativa quase que independente. Desenvolvido e publicado pela Capcom, o game foi lançado em janeiro de 2017 para PC, XOne e PS4, chegando ao Switch em maio de 2018.
Em RE7 somos apresentados a Ethan Winters, um homem comum, que busca encontrar a sua namorada desaparecida a três anos, após receber uma misteriosa mensagem, que o leva para a propriedade da família Baker, localizada no interior do Louisiana. Ao adentrar a propriedade dos Baker, Ethan se vê envolvido em acontecimentos aterrorizantes que colocam em risco não só a sua sanidade, mas também sua vida e da sua companheira Mia.
É inegável que o carisma do novo protagonista é quase nulo, não criando nenhum vínculo com o jogador, nem mesmo o rosto do personagem é visto durante toda a narrativa. Porém a atmosfera de tensão e horror criada no game tornam o desenvolvimento da trama extremamente interessante, principalmente pelos membros da família Baker se destacarem como grandes ameaças, em especial o patriarca Jack que persegue Ethan por boa parte da história protagonizando os combates mais marcantes do jogo.
O game perde um pouco de ritmo justamente na sua parte final, onde a propriedade e a própria família Baker são deixadas de lado, para explorarmos um novo cenário e descobrirmos a real ameaça por trás dos horrores vivenciados por Ethan e Mia. Não que o final seja ruim, de forma alguma, pois ele conecta de forma consistente a história do game com o restante da franquia, porém ele deixa a sensação de se alongar desnecessariamente e o confronto final acaba não surpreendendo, se comparado com o próprio desenvolvimento do game.
Mas o grande destaque de RE7 não está em sua história ou seus personagens, mas sim na sua atmosfera densa e opressora. Ethan não é um combatente treinado como os protagonistas anteriores e isso se reflete diretamente na sensação de risco sentida ao adentrar em cada novo cômodo da mansão da família Baker e tudo é cuidadosamente construído para contribuir com essa sensação de opressão, os ambientes mal iluminados, a imundície de determinados locais e até mesmo os pequenos sons propagados pela residência fazem o jogador se questionar a todo momento se está de fato sozinho e por mais que parte do público tenha criticado a mudança de perspectiva, sem dúvida ela é um dos principais fatores imersivos do game e provavelmente ele não causaria o mesmo impacto narrativo sem essa mudança.
Mecanicamente o game traz um jogabilidade simples e acessível, resgatando elementos clássicos da franquia, como o gerenciamento de inventário, a exploração constante dos ambientes para resolver pequenos quebra-cabeças, munição limitada e as salas seguras para o jogador respirar tranquilo, entre um susto e outro. Faltou apenas os tradicionais zumbis, mas bem ou mal Resident Evil nunca se tratou apenas de mortos vivos, mas também e essencialmente de ameaças biológicas, como o seu próprio nome japonês deixa claro.
Em termos de variedade de inimigos o game peca por apresentar basicamente um único tipo de infectado, com três variações simples desse mesmo inimigo, desconsiderando é claro as batalhas com os chefes. O arsenal também é limitado, porém essa limitação se demonstra coerente com a proposta do jogo, afinal o protagonista não é um combatente treinado e as armas são encontradas conforme se avança na história, logicamente que as tradicionais facas de combate, pistola, espingarda e logicamente da icônica Magnum estão presentes, só faltou a adição da apelativa bazuca, outra arma tradicional na série.
Pós lançamento o game ganhou diversos conteúdos adicionais que prolongam a sua experiência, entre eles dois se destacam, End of Zoe que mostra o destino da importante personagem após os acontecimentos da campanha principal, assim como Not a Hero que traz o retorno de Chris Redfield como protagonista em uma busca por um membro remanescente da família Baker. Ambos os conteúdos são curtos, mas interessantes de se jogar por trazer uma complementação da história principal, além de conectar de forma mais clara os acontecimentos do game com o restante da franquia.
Biohazard 7 é um excelente survival horror, que surpreende ao apresentar uma nova fórmula para uma franquia consagrada que a muito precisava ser revitalizada, ao mesmo tempo que resgata elementos icônicas dos games originais. Um game que deu um novo fôlego para a série, equilibrando de forma consistente os momentos de terror, ação e narrativa. Sem dúvida foi um passo da Capcom na direção certa.
"Seja bem vindo à família, filho." - Jack
- Nota geral: 09.
- Tempo dedicado ao game: 15 horas.
- Conquistas desbloqueadas: 26 de 58.
- Dificuldade: Moderada.
- Fica a dica: Fuja, fuja sempre que possível!
- Gameplay: Clique aqui.
- Imagens durante a jogatina: Clique aqui.
- Vale o preço? Sim vale!
- Modo de jogo: Solo.
- Idioma: Menus em português do Brasil.
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