Imersivo, grandioso e memorável!
O primeiro Red Dead Redemption não só marcou a sétima geração de consoles, mas também a própria indústria dos games. Considerado como um dos melhores games da última década parecia improvável que uma continuação pudesse superar o game de 2010, foi necessário oito anos para termos a resposta e a Rockstar mais uma vez provou que é insuperável ao criar mundos abertos imersivos e narrativas memoráveis. Desenvolvido pela Rockstar North o game foi lançado em outubro de 2018 para PlayStation 4 e Xbox One, chegando aos PCs Stadia em novembro de 2019.
É difícil descrever de forma simples a experiência de Red Dead Redemption 2, tanto narrativamente quanto como um jogo em si. Primeiro somos apresentados a um grande épico de faroeste, que referencia todas as principais características do gênero, segundo, mas não menos importante somos apresentados a um mundo aberto imersivo, belo e realista, como poucas vezes visto nos games na última década.
Na trama assumimos Arthur Morgan, membro da gangue Van der Linde, em uma história que se passa antes dos acontecimentos do primeiro game, entre os anos 1899 e 1911. A história já começa de forma cinematográfica e dramática, com a gangue liderada por Dutch Van der Linde buscando abrigo em meio a uma forte tempestade, surpreendendo o jogador ao revelar que a famigerada gangue Van der Linde, na verdade não era formada apenas por foras da lei, mas também por homens e mulheres comuns que, sobre a liderança do carismático e idealista Dutch, buscam viver de forma livre negando o avanço da civilização no final do século XIX.
Se no primeiro Red Dead Redemption acompanhamos a jornada solitária de Jonh Marston para recuperar a sua família, no segundo game vemos uma jornada ainda mais profunda, porém com foco na busca de Arthur em manter os membros da gangue unidos e a salvo, que é para ele o mais próximo de uma família e o desenrolar da história busca fortalecer esse sentimento de pertencimento e comunidade, desenvolvendo de forma gradativa os laços entre o protagonista e os membros da gangue.
Arthur consegue ser um personagem tão carismático e ainda mais complexo que o próprio Jonh Marston, inicialmente o protagonista é representado como um típico criminoso do velho oeste, durão, com olhar intenso, que busca sobreviver em um mundo que renega o seu estilo de vida, mas conforme a trama se desenvolve o personagem cresce ao perceber que tudo está prestes a ruir e que os ideais de Dutch só trarão ainda mais sofrimento para os membros da gangue. O final da jornada de Arthur é arrebatador, quase tão marcante e intenso quanto o final do primeiro game e embalado com e intensa trilha sonora original fazem da história de Red Dead Redemption 2 algo memorável.
Mas apesar da ótima narrativa com sua história marcante, um ponto que merece ser mencionado é a longa duração da campanha principal, que pode ser encarada tanto de forma negativa, quanto positiva. Sendo desenvolvida em seis capítulos a campanha ultrapassa facilmente às sessenta horas de jogo, com um ritmo extremamente cadenciado dando todo o espaço necessário para o desenvolvimento não só do protagonista, mas também de todo o elenco de apoio, criando assim um vinculo maior com os personagens, porém por mais que eu tenha aproveitado cada minuto da campanha é inegável que ela poderia ter sido um pouco menor, com algumas subtramas podendo ser suprimidas para tornar a narrativa mais consistente.
Ao lado na incrível trama temos a excepcional ambientação apresentando um mundo aberto vivo, realista e belo. A imersão do mundo de Red Dead Redemption 2 é comparável e de certa forma supera ao visto em The Witcher 3. Enquanto o primeiro Red Dead Redemption já impressionava com uma ambientação desértica, mas extremamente viva, o segundo game surpreende não só pela sua grandiosidade geográfica, mas também pela sua riqueza de detalhes. É simplesmente indescritível a sensação de realismo que os cenários transmitem com belíssimos vales, florestas, pântanos e inúmeros pequenos biomas que aliados a rica flora e fauna tornam o mundo de Red Dead incomparável e coroando essa incrível ambientação temos todo o espetáculo gerado pelo clima dinâmico que surpreende o jogador a todo momento com belíssimos pores do sol, noites iluminadas pelo luar ou inusitadas tempestades.
Logicamente que um mundo aberto enorme se torna desnecessário caso não apresente conteúdo que justifique a sua existência, por outro lado o excesso de atividades pode deixar a exploração maçante e repetitiva. Red Dead 2 consegue equilibrar de forma incrível esses dois fatores. Primeiro preenchendo o mapa com inúmeros segredos, coletáveis e locais únicos, porém sem saturar o mapa com pontos de interesse ou interrogações, tornando a exploração totalmente orgânica e prazerosa, nunca forçando o jogador a fazer algo indesejado. Um bom exemplo disso é os encontros aleatórios que podem desencadear pequenas missões ou até mesmo grandes narrativas que se desenvolvem em paralelo com a campanha principal.
Mecanicamente o game não decepciona, com uma jogabilidade prazerosa, que alterna de maneira equilibrada entre os momentos de ação intensa, exploração e desenvolvimento da história. Porém o game busca apresentar um realismo desnecessário em todas as ações do protagonista, implementando assim um excesso de mecânicas que poderiam ser eliminadas em nome da fluidez do gameplay. Por exemplo, para pegar um simples item será necessário pressionar por alguns segundos determinado botão enquanto o personagem realiza a animação coletando tal item, em um primeiro momento esse realismo até impressiona, mas após poucas horas esse excesso de mecânicas acaba deixando comandos simples desnecessariamente maçantes.
No primeiro game havia um tímido sistema de caça, onde o jogador poderia abater e coletar partes dos animais encontrados, era um sistema simples que funcionava como um pequeno bônus. Já em Red Dead 2 o sistema de caça se tornou muito mais robusto e interessante, primeiro com a possibilidade de não só caçar os animais, mas também rastreá-los e analisa-los para determinar assim a melhor forma de abatê-los. Fora que as partes coletadas dos animais podem ser vendidas ou utilizadas para criar novos itens, como alimentos, novos trajes e assessórios. É um sistema simples, mas que devido a quantidade generosa de espécie de animais disponíveis, ao lado da belíssima ambientação, tornam a experiência de caça bastante prazerosa e imersiva.
Além do sistema de caça o jogador terá acesso a uma considerável variedade de armas, como rifles, pistolas e espingardas, todas elas possibilitando a aplicação de melhorias, assim como uma grande variedade de trajes permitindo uma boa liberdade de customização do personagem e até mesmo da sua montaria.
Assim como GTA V, Red Dead 2 conta com um robusto modo online, que conta com uma pequena campanha própria, inúmeros modos competitivos e cooperativos, desafios e eventos diários, ofícios que permitem o jogador assumir uma "profissão" habilitando assim novas missões e logicamente uma tonelada de customização que podem ser compradas com o dinheiro do jogo ou através das micro transações.
Red Dead Redemption é um game excepcional, com um mundo aberto incrivelmente imersivo e realista, uma narrativa lenta, mas extremamente profunda e marcante, cheia de ação intensa e momentos emocionantes. A jornada de Arthur Morgan ao lado da gangue Van der Linde é memorável e sem dúvida é uma experiência indispensável para os fãs do gênero. Mais uma vez Rockstar nos presenteia com um game inesquecível.
"Significaria muito para mim" - Arthur Morgan.
- Nota geral: 10.
- Tempo dedicado ao game: 317 horas.
- Conquistas desbloqueadas: 48 de 51.
- Dificuldade: Fácil.
- Fica a dica: Simplesmente jogue!
- Gameplay: Clique aqui.
- Imagens durante a jogatina: Clique aqui.
- Vale o preço? Inegavelmente R$ 239,00 é um valor muito elevado para qualquer jogo, mas caso seja um fã do gênero o alto custo será facilmente justificado pela quantidade de conteúdo.
- Modo de jogo: Singleplayer e multiplayer.
- Idioma: Inglês com legendas em português.
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