Nem tão alto e nem tão longe
Vigésimo primeiro filme do universo cinematográfico da Marvel, sendo o primeiro a trazer uma heroína como protagonista. Com Brie Larson no papel principal e Samuel L. Jackson, Jude Law e Ben Mendelsohn no elenco e direção de Anna Boden e Ryan Fleck. O filme estreou mundialmente no dia 8 de março, dia internacional da mulher, chegando um dia antes nos cinemas nacionais.
Na trama somos apresentados a protagonista que inicialmente é chamada apenas de Vers, tornando-se uma oficial do esquadrão de elite dos Kree, uma poderosa raça alienígena e se encontra em uma guerra com a raça de transmorfos Skrulls, após ser capturada pelo inimigo a heroína acaba caindo justamente no planeta terra e descobre que a sua origem pode não ser exatamente aquela que lhe contaram.
A trama do longa se demonstra interessante e consegue adaptar de forma coerente a origem da personagem. Bri Larson está convincente no papel principal, apresentando uma Carol Danvers forte, determinada e com um senso de humor leve, porém o desenvolvimento do roteiro apresenta algumas falhas que deixam a narrativa pouco marcante e interessante.
Primeiro temos uma narrativa bem leve, que não aprofunda os dramas vividos pela protagonista. Danvers busca encontrar a verdade no seu passado e quando ela finalmente a encontra não há um peso significativo na revelação e isso acaba sendo potencializado justamente pela falta de um antagonista marcante, pois tanto a ameaça inicial representada pelos Skrulls, quanto o real vilão revelado na parte final, não são desafios a altura do poderio da heroína, pois todo grande filme de herói apresenta um antagonista marcante, do clássico Batman O Cavaleiro das Trevas ao recente Vingadores Guerra Infinita, o vilão apresentado tem uma importância tão grande e marcante que ambos os filmes perderiam a metade de seu peso sem a presença dos seus respectivos vilões. Em Capitã Marvel isso simplesmente não acontece, pois tanto os alienígenas Skrulls, quanto os Kree são desperdiçados, enquanto os Skrulls são transformados em meros refugiados, os Kree estão presentes apenas para justificar a ação. Um bom exemplo disso é o personagem de Jude Law, que é tão pouco desenvolvido que aproveita de forma bem rasa o potencial do ator.
Ao menos o filme apresenta um bom elenco de apoio, como Nick Fury que apresenta uma boa química com a protagonista, principalmente ao apresentar um Fury mais jovem e bem humorado, servindo quase como alivio cômico, além da Maria e Mônica Rambeau que são personagens fundamentais para o desenvolvimento da Carol Danvers, além de deixarem uma ótima possibilidade de retornarem futuramente com ainda mais importância, e é claro a gata Goose, que protagoniza as cenas mais hilárias do filme.
Em termos de ação e efeitos visuais o filme também não surpreende, mas divertem, apresentando lutas bem coreografadas e efeitos especiais que representam de forma coerente os poderes da personagem. O destaque fica para o confronto final, onde a heroína enfrenta sozinha uma armada inteira de espaçonaves em uma cena que faz jus à alcunha de "A Heroína mais Poderosa da Marvel".
O filme, antes mesmo de seu lançamento, se envolveu em polemicas por ser considerado por alguns um filme feminista e politizado, algo totalmente infundado e irrelevante, pois em nenhum momento se percebe um discurso político ou ideológico no filme, ao menos não de forma incisiva ou exagerada. Sim, a protagonista é apresentada como sendo uma mulher forte, determinada e independente, a frase perto da conclusão do filme é antítese disso e não teria como ser diferente, simplesmente por isso representar em muito a personagem original dos quadrinhos, logo a afirmação de que a Capitã Marvel é um filme feminista é totalmente desnecessária.
No fim Capitã Marvel é um bom filme, que adapta de forma coerente uma das heroínas mais poderosas do universo Marvel, porém não surpreende em nenhum momento, entregando uma trama morna, que desperdiça personagens e subtramas importantes que poderiam ser mais bem aproveitadas em possíveis sequencias. Um filme que até diverte, mas que infelizmente fica abaixo da media se comparado com outros filmes da própria Marvel Studios.
"Eu não preciso provar nada" - Carol Danvers
Informações adicionais:
Nota geral: 07.
Duração: 2h04min.
Cena favorita: O confronto final entre a heroína e a armada Kree.
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